DEMOCRACIA
NO BRASIL E O PLEBISCITO POPULAR:
POR
UMA CONSTITUINTE SOBERANA, NEGRA, JOVEM E DE MASSAS.
A busca por igualdade é um marco da sociedade
brasileira. Diversos grupos, infelizmente, foram excluídos do processo de
construção de um modelo político de sociedade no durante a redemocratização do
Brasil, durante a Constituinte de 1988/89. A juventude negra sintetiza bem como
a lógica na qual se insere o Estado brasileiro representa um modelo excludente
de participação, o que inviabiliza o povo de se empoderar dos mecanismos de
transformação social.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), 51% dos/das brasileiros/as se autodeclaram negros/as. No
que diz respeito ao sistema político representativo, vemos que 8,5% (43) do total
de parlamentares no Congresso Nacional se autodeclaram negros/as. Em sete
Assembléias Legislativas do país (Amazonas, Mato Grosso do Sul, Paraíba,
Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) não existe
representação negra. Esse dado nos desperta um questionamento: As casas
legislativas possuem como pré-requisito a questão racial? Como o sistema
eleitoral beneficia apenas um seleto grupo de candidatos em detrimento de uma
grande maioria?
O recorte de gênero também nos aponta para um cenário
que não abre espaços para as mulheres realizarem uma participação efetiva nos
espaços de decisão. 52% das deputadas federais possuem entre 45 e 59 anos,
enquanto os deputados possuem o percentual de 48% nessa mesma faixa etária. A
lógica machista da sociedade liberal nos coloca diante de uma série de
imposições direcionadas às mulheres que não possuem um tempo em larga escala
para iniciar sua trajetória política.
Necessitamos reelaborar e criar novos mecanismos de
participação na vida política do país que construímos. Abrir espaços para os/as
negros/as, mulheres, jovens e os mais diversos grupos que, historicamente,
foram excluídos da construção da nação. Faz-se necessário realizarmos um amplo
debate sobre a construção popular e soberana de uma Constituinte que realmente
atenda as necessidades/especificidades da juventude brasileira. Múltipla e
diversa: é assim que vemos/somos os/as milhões de jovens brasileiros/as.
A
juventude negra não pode mais sofrer com o extermínio que é produzido por uma
lógica racista de Estado que não priorize os reais sujeitos que constroem o
verdadeiro rosto da sociedade: jovem, negro/a, de periferia e que diariamente
luta para ter uma vida onde todos/as tenham uma sociedade mais justa e sem
preconceitos.
Queremos com o plebiscito popular por uma reforma política, contribuir com o debate de colocar o negro e a negra como promotores/as das políticas públicas e não mais só um/a beneficiário/a. Queremos que o jovem negro e a jovem negra sejam protagonista da construção política do país.
Queremos com o plebiscito popular por uma reforma política, contribuir com o debate de colocar o negro e a negra como promotores/as das políticas públicas e não mais só um/a beneficiário/a. Queremos que o jovem negro e a jovem negra sejam protagonista da construção política do país.
Enegrecendo
o plebiscito avançaremos para o fim do apartheid racial que enfrentamos
diariamente em nosso país.
Para
isso acontecer se faz necessária uma maior participação do povo negro dentro
desses espaços para representar o estado de participação, reconstruindo uma
lógica de Estado, fazendo sim com que estejamos à frente das grandes
transformações do país.
Coletivo Nacional de Juventude Negra - ENEGRECER
Coletivo Nacional de Juventude Negra - ENEGRECER
2 comentários:
Que ótimo texto e reflexão. Sou de Santa Catarina e como é dificil tratar destas problemáticas por aqui, pra maioria (branca) não há diferenças entre brancos e negros, o que é uma inverdade, haja vista os dados.
22 de setembro de 2016 às 18:47Excelente texto e deveria ser levado a leitura nas ASSEMBLEIAS Legislativas destes estados que restringem a presença negra, através do apartheid velado e mascarado hipocritamente pela casta branca de privilegiados que insistem em continuar com os discursos racistas. Nossa juventude negra do país deveria se unir a juventude branca, porque ainda que em estágios bem diferentes de exclusão e desigualdade, ambas compartilham as grandes dificuldades do mercado de trabalho, do estigma social, da omissão de políticas públicas...há de ser retomado nova esperança a partir destas organizações como a de vocês, congregando parcerias e estimulando os jovens a aderirem, tamanhos direitos negados, descaso estatal, a que toda juventude em si está exposta.
18 de maio de 2020 às 18:55Postar um comentário