quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Quem Somos

CARTA DE PRINCIPIOS DO COLETIVO NACIONAL DE JUVENTUDE ENEGRECER

O coletivo nacional de Juventude Enegrecer é uma expressão do movimento social negro, de âmbito nacional, que se constitui como espaço autônomo de articulação e formação política, anti-capitalista, anti-racista,anti-patriarcal não lesbofóbica e não homofóbica objetivando organizar jovens negros e negras,visando a busca da efetiva cidadania da juventude negra brasileira. É um movimento que se soma a todos os demais movimentos sociais progressistas que lutam por outro mundo possível.

O coletivo nacional de Juventude Enegrecer surge como espaço auto-organizativo dos jovens militantes negros e negras da Kizomba, corrente política que desde 1999 constrói e disputa os rumos da União Nacional dos Estudantes.

Em setembro de 2009 reunidos na cidade de Salvador – BA nós militantes do “Enegrecer Kizomba” oriundos de diferentes estados definimos pela ampliação do espaço de atuação, não mais nos restringindo a luta política travada no interior do movimento estudantil brasileiro.

Constituímo-nos hoje como parte integrante desta importante trajetória marcada por incansáveis períodos de lutas e participação política que teve início no processo de resistência negra ao regime escravocrata chamado de movimento negro brasileiro.

Apresentamos os princípios norteadores de nossa ação política.

• A luta pela liberdade - Compreendemos liberdade como o ato de governar a própria vida sem o mando de outros e o direito à auto-formação da identidade (a liberdade para conformar socialmente a sua própria identidade).
A liberdade é fruto da vigência de um padrão de igualdade entre os cidadãos e cidadãs, no que diz respeito às condições econômico-sociais, pertencimento étnico e de gênero.

• Combate ao racismo – Compreendemos o racismo enquanto fenômeno que oprime a população negra ampliando as desigualdades, impondo opressões concretas e promovendo exclusões sendo um elemento estruturante das relações que definem o acesso aos recursos, hierarquizam as relações de poder e condicionam pensamentos idéias e instituições em nossa sociedade.

• Protagonismo juvenil - O protagonismo juvenil deve priorizar a intervenção comunitária, procurando,com a ação concreta dos jovens negros e negras, contribuir para uma sociedade mais justa, a partir da incorporação de valores emancipatorios, democráticos e participativos por parte dos jovens e da vivência do diálogo e da convivência com as diferenças sociais. Assim, o protagonismo juvenil pressupõe um compromisso com o aprofundamento da democracia.

• Soberania Popular – O coletivo Nacional de Juventude Enegrecer se soma as forças progressistas no sentido de promover a luta pela efetivação da soberania popular compreendendo a como a ação combinada de princípios e formas para aprofundar e maximizar as dimensões práticas de autogoverno fruto das lutas históricas das classes populares e oprimidas com centralidade na população afrodescendente.

• Democracia Socialista – Nossos esforços consistem no processo de acumulação de forças que permita a alteração do modelo de democracia hoje vigente de cunho liberal conservador. A concepção de democracia socialista, expressa uma visão radicalmente democrática da superação histórica do capitalismo pelo socialismo. Ela advém da nossa leitura crítica das experiências de transição socialista assim como das experiências contraditórias e muitas vezes, limitadas de superação neoliberal em todo o mundo.

• Internacionalismo – O internacionalismo é a consciência de uma realidade material: a unificação do mundo pelo capitalismo, o extraordinário crescimento dos trabalhadores e trabalhadoras em todo o planeta, e a comunidade de interesses dos trabalhadores de todos os países. Um fim histórico criará a possibilidade objetiva para sua unidade internacionalista: a democracia socialista, o poder dos trabalhadores, a abolição de todas as formas de exploração e de opressão (de classe, sexo, raça ou nação).

• Feminismo - A luta contra a opressão das mulheres e combate às práticas machistas é parte de nosso programa e dos desafios cotidianos para nossa militância. Reconhecemos e reafirmamos a importância da construção do movimento de mulheres. É a partir dessa dinâmica auto-organizativa que se garantirá um efetivo movimento de liberação e nós constituiremos como parte do “sujeito” histórico de transformação.


Salvador, 23 de Setembro de 2009