Vem dar um “rolezinho” na Maré
Não quero aqui afirmar que é bom alimentar uma cultura de consumo, como vemos na lógica mercadológica nos grandes Shoppings Center. Pelo contrário, pretendo afirmar que a favela também reproduz cultura quando não é reprimida. Os Rolezeiros não querem pertencer a esse mundo, querem ter acesso a cultura sem sofrer opressão.
Fico me questionando se esses ativistas de fato conhecem a cultura da periferia. Será que essa elite intelectualizada, branca e rica, na sua maioria, já foi dentro da favela saber o que leva a população reivindicar seu espaço cultural? Esses ‘militantes’ de fato sabem por quê o jovem da periferia quer estar em outros espaços para além da favela? Sabem por acaso o porque da luta por um espaço cultural gratuito?
Será que levar pão com mortadela para ser consumido na praça de alimentação do shopping e entrar nas lojas apenas para experimentar roupas é a resposta? Cantar músicas e fazer tudo de maneira pacífica, sem querer causar tumulto, é aquilo que os jovens da favela querem?
Já sabemos que só nossa presença em qualquer espaço da classe média já incomoda bastante. Por isso convidamos aos movimentos sociais a se juntarem com a população da Maré para curtir a sensação dos finais de semanas de janeiro. Estou falando das apresentações do Grupo de pagode Nova Raiz no Museu da Maré, samba de qualidade de forma gratuita.
Também na Maré, na Praça do Parque união, acontecem todos os domingos e segundas o encontro dos artistas. Clássicos da música nordestina tocam gratuitamente para todos que estiverem presentes. Sucessos de Flávio Araújo, Wesley dos teclados e o Grupo ‘Capa de Revista’ vão animar as noites de janeiro dos frequentadores do famoso Forró do Parque União
E para animar o outro lado da Maré, no dia 19 de janeiro evento “onda forte” vai reunir os melhores do Funk vão fazer um show imperdível na Marcílio Dias. Presença confirmadas dos MCs Sossi, Carol, Mayra e as abusadas, Bonde das Debochadas e os Djs Celão e Jorginho vão garantir o batidão para animar os presentes.
Tenho a esperança de um dia a classe média militante conhecer a cultura da favela. Assim vai poder ver que quando os moradores são reprimidos dentro de suas casas, sua identidade de cidadãos é desfigurada. Seu espaço territorial é descaracterizado e sua liberdade é condicionada. O medo bate na sua porta com uma farda azul e com um fuzil cruzado no peito, arrombando a porta da sua casa.
É contra a repressão e militarização das nossas vidas, pela nossa liberdade e liberdade do nosso povo, que reivindicamos o rolezinho em qualquer espaço. Não é só no shopping que queremos entrar. Queremos a democratização dos espaços, queremos mobilidade urbana, queremos ter direitos de nossos direitos. Vem pra favela dar um rolé e ver do que estou falando!
* Walmyr Júnior militante do Enegrecer e graduado em História pela PUC-RJ
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