sábado, 15 de setembro de 2012

Nota do Coletivo Enegrecer sobre as eleições municipais em Juiz de Fora.



O Coletivo Nacional de Juventude Negra – Enegrecer entidade do movimento negro de âmbito nacional que se constitui como espaço autônomo de articulação e formação política, organizando em seu interior jovens negras e negros vem por meio desta nota apresentar seu apoio e o compromisso de nos engajarmos para eleger Margarida Salomão (PT) prefeita de Juiz de Fora.

 As eleições municipais deste ano em Juiz de Fora nos apresenta como novidade a possibilidade concreta de elegermos uma candidatura que sintetiza as demandas históricas do movimento popular da nossa cidade. A candidatura da professora Margarida Salomão vem acumulando apoios dos mais diversos segmentos do movimento social, desde o movimento de trabalhadoras(es), de mulheres, passando pelo agentes culturais, movimentos de vilas e bairros, movimento negro e outros tantos que juntos depositam suas esperanças na construção de uma Juiz de Fora a altura da dignidade do seu povo.

Nos últimos anos a sociedade brasileira vem passando por significativas mudanças que apontam para uma nova trajetória na relação do Estado com sua população avanços estes frutos da forte presença dos movimentos sociais na disputa por uma sociedade cada vez mais democrática e socialmente referenciada. Ainda que estejamos longe de vivenciarmos hoje as conquistas que tanto almejamos não fechamos nossos olhos para os avanços alcançados.

Resultado de importantes formulações e mobilizações do movimento negro brasileiro, nos últimos anos avançamos na  conquistas de novos direitos que reconhecem e potencializam a condição étnica do nosso povo, principalmente dos negros,negras e indígenas. Conquistas como a aprovação do estatuto da igualdade racial (mesmo com seus limites) da lei que reserva vagas para afrodescendentes nas universidades publicas assim como uma política sustentável de aumento do salário mínimo que vem repercutindo com grande impacto na classe trabalhadora, cada vez mais vem responsabilizando o Estado brasileiro com políticas que visam reparar distorções históricas.

Entretanto Juiz de Fora não tem acompanhando essas importante transformações que hoje vive o Brasil. Nos últimos anos nos deparamos com gestões que uma após a outra evidenciaram seus compromissos com o conservadorismo, com a especulação imobiliária e rentista e que nega a participação popular na construção das políticas publicas com especial atenção para a nossa juventude.

Principais vitimas da violência urbana os jovens negros estão entre aqueles/as que lideram os índices dos que vivem em famílias pobres e dos que recebem os salários mais baixos do mercado. Encabeçamos também a lista dos desempregados, dos analfabetos, dos que abandonam a escola antes do tempo e dos que têm maior defasagem escolar.

As distâncias que separam negros de brancos, nos campos da educação, do mercado de trabalho ou da justiça, entre outros, são resultado não somente de discriminação ocorrida no passado, da herança do período escravista, mas também de um processo ativo de preconceitos e estereótipos raciais que legitimam, cotidianamente, procedimentos discriminatórios. As consequências da permanência das desigualdades raciais são dramáticas para a juventude negra.

Quando reitora da UFJF Margarida Salomão aprovou importante política de cotas raciais/sociais que hoje respondem por uma universidade concatenada com os reais interesses do povo pobre e negro de Juiz de Fora e das cidades da região, como prefeita confiamos que sua ousadia e seu compromisso com um projeto democrático e popular de cidade irá dialogar com os interesses históricos do povo negro.

A luta pela igualdade racial e o combate ao racismo assim como políticas públicas que visam garantir cidadania a juventude negra encontra no projeto de desenvolvimento local uma importante espaço de contribuição na implementação de estratégias alternativas de desenvolvimento.

Políticas que potencializem as múltiplas vocações da juventude negra da nossa cidade com o objetivo de garantir autonomia economia e combater o racismo institucional, investimentos em aparelhos culturais e esportivos nas periferias da nossa cidade, implementação da lei 10.639 que versa sobre o ensino da historia da África e dos afrobrasileiros nas escolas publicas assim como a importante reorientação dos agentes de segurança no tratamento com os jovens negros, são algumas das ações que compreendemos que somente Margarida reúne as condições de realizar.

Para a juventude negra é de grande interesse integrar este processo que não se encerra ao fim das eleições, pois compreendemos nele uma importante arena de luta pela transformação social e de articulação com outros segmentos sociais marginalizados.

Confiamos em Margarida para juntos construirmos uma Juiz de Fora cada vez mais com a cara do seu povo.

Coletivo Nacional de Juventude - Enegrecer

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