terça-feira, 21 de maio de 2013

Cuba, os médicos e o Brasil


Por Bruna Rocha

O discurso fácil da oposição ora me irrita, ora me diverte. Se não fosse tão ruim para o imaginário de nosso povo, eu até daria risada de algumas asneiras. O babado da vez correndo pelas bocas que esbravejam contra o governo Dilma é a história dos médicos cubanos. 

O primeiro grande problema que identifico neste [mais um] mal-entendido nacional é o fato de que o brasileiro tem dificuldade de entender os movimentos das R.I’s. Isso mesmo. Relações Internacionais não é um assunto discutido cotidianamente pelas pessoas e [por isso mesmo] não é fácil de ser digerido. Sobretudo com as espinhas de peixe acrescentadas nas notícias pelos interesses falaciosos de nossa mídia letal. Sempre engasgam na garganta e são regurgitadas Brasil adentro e afora, sem nem passarem pelo estômago do discernimento. 

Lembro-me nitidamente das piadas que faziam com o Aerolula. O Zorra Total dizia: Olha o Lula indo, olha o Lula vindo. Era e É quase impossível resistir à vontade macabra de ridicularizar, criminalizar e satirizar a imagem do nordestino, pobre e preto. Ainda mais se ele estiver tomando o lugar de um branco, sulista, rico. Pois é. Indo, vindo, tomando uma cachacinha ali, fazendo uma piadinha acolá, Lula foi consagrado “The Man” pelo líder da principal potência econômica mundial. Ele vê a frente do seu tempo e é isso que a função de chefiar uma nação exige, minimamente, de um dirigente. De lá para cá foram totais as tentativas de desconstruir – seja através de paródias, seja através de alardes de fracasso – absolutamente todas as políticas públicas colocadas pelos governos do PT.

Como assim trazer 6 mil médicos cubanos quando os médicos do Brasil estão sem emprego? 
Bom, creio que as pessoas que fizeram esta indagação, pouco leram sobre o projeto. A “importação” provisória de médicos cubanos tem três objetivos muito simples: 1 – levar atendimento médico a lugares de extrema carência, onde os nossos médicos [por falta de vontade ou viabilidade] não chegam; 2 – trazer para o país (e para um país que não passa na TV, diga-se de passagem) uma experiência nova de saúde pública, com pressupostos humanistas, que visam a educação e a prevenção como principais saídas para os principais problemas; e 3 – afinar ainda mais os laços com Cuba, o que é extremamente coerente para um país que pretende liderar um bloco histórico no qual a América Latina, fortalecida, altera a lógica da geopolítica estabelecida no planeta terra.

É tão difícil assim para a Globo, a Veja ou o Estadão explicar sobre isso? Mostrar este outro lado da moeda que eu, uma mera estudante, pude resumir em um parágrafo? É, é muito difícil. Porque fere os interesses diretos da elite a qual estes veículos de contracomunicação (não poética) representam. Há alguns anos, um jovem médico argentino saiu de seu país, do hospital em que trabalhava, deixou os pacientes que cuidavam e foi buscar novos desafios em outros lugares. O que seriam apenas um passeio de motocicleta proporcionou o nascimento da maior e mais importante revolução da América Latina, e o médico, insensato, que deixou suas próprias demandas nacionais para ajudar outros países, um dos maiores revolucionários já registrados na história da humanidade. Você acredita nas soluções imediatas da Rede Globo? Pois eu prefiro acreditar nas apostas de Ernesto Che Guevara, Hugo Chavez, Fidel Castro, Luis Ignácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

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