sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Salvador sediará encontros da UNE em 2011


A União Nacional dos Estudantes, entidade que representa o conjunto dos estudantes brasileiros, sediará em Salvador, no ano de 2011, dois importantes encontros da entidade. Acontecerá de 21 a 24 de abril o IV Encontro de Mulheres Estudantes da UNE (IV EME UNE), espaço de auto-organização das mulheres estudantes e que tem chamada “Ô abre-alas que as mulheres vão passar”. Entre os dias 20 e 22 de maio será realizado o III Encontro de Negras, Negros e Cotistas da UNE (III ENUNE), espaço de discussão e formulação da juventude negra e movimentos sociais. Ambos encontros foram lançados no 13º Conselho de Entidades de Base da UNE (CONEB), realizado na cidade do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011.



As entidades estudantis baianas já têm se organizado para a recepção destes encontros e, fruto desta articulação, já foram dados passos importantes para a construção das atividades. No último dia 22 de fevereiro houve uma reunião entre a UNE, UEB e DCE UFBA com a reitora da UFBA, Profª Dora Leal. Nesta reunião foi possível encaminhar demandas infra-estruturais e liberação para que as atividades sejam realizadas na universidade.



“O compromisso firmado entre as entidades estudantis e a administração central da UFBA é fundamental para a realização plena destes encontros. O EME e ENUNE são encontros centrais para a UNE, já que organizam a formulação política das e dos estudantes sobre o combate ao machismo e o racismo.”, afirma Joanna Paroli, diretora executiva da UNE.



Para Clédisson Jr., diretor de Combate ao Racismo da entidade, “A construção do III ENUNE na Bahia fortalece um ciclo virtuoso que o movimento estudantil brasileiro atravessa, além de ser um dos espaços de acúmulo para a juventude negra que está nas universidades brasileiras. Combater as diversas formas de opressão passa pelos espaços da universidade”.



A reitora apresentou que a UFBA está de braços abertos para a construção dos encontros e que as contribuições oriundas das atividades serão apreendidas pela universidade. Ainda afirmou que “O sonho de minha geração é uma sociedade sem opressões. Podem contar conosco!”.



Saiba mais sobre o IV EME e III ENUNE



Ô abre alas que as mulheres vão passar!



O EME surgiu em 2005, por iniciativa da diretoria de mulheres da UNE, com o objetivo de ser um espaço de auto-organização e fortalecimento do debate feminista na entidade, contribuindo no combate ao machismo e todas as formas de opressão sofridas pelas mulheres dentro das universidades e no movimento estudantil. A segunda edição, que ocorreu em 2007 consolidou o Encontro e permitiu a criação de uma agenda própria.

Em 2009 o EME contou com a participação de 400 estudantes de todo o Brasil. Com a campanha “Mulheres transformando a universidade” o Encontro proporcionou debater a universidade a partir do olhar das mulheres. Creche, assistência estudantil, currículos acadêmicos que abrangem a discussão de gênero, educação não sexistas são pautas que derivaram do III EME e que mobilizaram a estudantes nos últimos dois anos. Além disso, a mercantilização do corpo das mulheres, os trotes e calouradas machistas foram denunciados com veemência pelas mulheres estudantes. Por fim, este EME estimulou a criação de coletivos feministas nas universidades, com o papel de travar o debate feminista nos espaços acadêmicos, reivindicar políticas de assistências e organizar o combate às práticas machistas impostas às mulheres no cotidiano da vida estudantil.

O IV EME da UNE vai buscar aprofundar as bandeiras de luta do último Encontro e discutir a vida das mulheres a partir de uma perspectiva ampla, que resgate o combate às opressões vividas pelas mulheres na sociedade. Com o mote “Ô abre alas que as mulheres vão passar” o próximo EME terá o objetivo de criar uma agenda ampla que avance na discussão das mulheres nos espaços de decisão da Entidade e apresentar os desafios da mulher brasileira que, mesmo admitindo avanços no campo das políticas públicas, no acesso a educação, ainda sofrem com as duplas jornadas de trabalho, com a falta de autonomia e a mercantilização de seus corpos, com a criminalização do aborto e com os valores patriarcais e mercadológicos arraigados no seu cotidiano.

Antenadas com o momento atual, em que as mulheres rompem barreiras e alcançam espaços nunca antes conquistados, as mulheres da UNE buscam radicalizar as suas pautas e dizer, em alto e bom som, que ainda temos que lutar muito! Enquanto as mulheres jovens ocuparem os piores postos de trabalho, enquanto a pobreza estiver majoritariamente entre as mulheres negras, enquanto o aborto for criminalizado, a violência continuar existindo, estaremos em processo de luta e resistência!



www.mulheresnaune.blogspot.com





O Brasil após expansão das políticas de ações afirmativas:

Desafios e novas perspectivas



A União Nacional dos Estudantes em sua 4ª reunião da diretoria plena da gestão 2009-2011 convoca todas e todos os estudantes negros e negras a participarem do III Encontro de Negros, Negras e Cotistas da UNE (ENUNE) a ser realizado nos dias 20,21 e 22 de maio de 2011 na cidade de Salvador, Bahia.

O ENUNE foi realizado pela primeira vez em 2007 por iniciativa da diretoria de combate ao racismo da UNE, que completa 10 anos de existência, e hoje é um fórum permanente da entidade, que tem por finalidade aprofundar as discussões acerca das políticas de ações afirmativas, com perspectivas a garantir o acesso da população afrodescendente ao ensino superior.

A busca por uma sociedade altamente desenvolvida e plenamente democrática passa pela compreensão de que nos dias atuais ainda estão latentes as desigualdades medidas por indicadores étnico-raciais e de gênero, principalmente, no que tange ao acesso às melhores posições no mercado de trabalho e ao ensino superior brasileiro.

Percebemos que a universidade brasileira, mesmo tendo como princípio ser um espaço de disseminação do saber e de comprometimento com os valores democráticos, guarda em si uma grande contradição quando a analisamos e observamos seu caráter elitista e reprodutora da hierarquia sócio-econômica. Trata-se de um processo de reprodução das desigualdades, que estão intrinsecamente ligado à ausência de negros e negras no corpo docente e discente.

No Brasil, a situação de exclusão e discriminação sofrida pela população negra é resultado de um passado escravagista e da consequente não incorporação do negro aos espaços de poder da sociedade brasileira. A UNE encontra nas políticas de ações afirmativas, dentre elas as cotas raciais, um importante instrumento de reparação das desvantagens historicamente sofridas pelos negros e negras.

Muitas são as experiências de implementação de ações afirmativas em universidade brasileiras, visando incluir estudantes negros e negras e promover a igualdade de oportunidades e tratamento, assim como compensar perdas provocadas pelo racismo. O III ENUNE tem como objetivo avaliar e compreender os desafios ainda existentes no que se refere à implementação de políticas afirmativas e apontar perspectivas para o seu aprofundamento. Construiremos juntamente com os diferentes atores sociais que discutem a questão racial,o poder público e o(a)s estudantes, uma agenda que aprofunde as políticas públicas com perspectivas de combater o racismo e promover a igualdade no acesso e permanência no ensino superior brasileiro.

A União Nacional dos Estudantes é parceira de primeiro momento dos setores da sociedade brasileira que lutam para corrigir e eliminar as desvantagens e injustiças sofridas pela população negra e a busca por seus direitos. Portanto, convocamos toda a rede do movimento estudantil brasileiro a realizar atividades preparatórias e construir este que é um dos mais importantes fóruns de nossa entidade e um dos mais amplos espaços de organização da juventude negra brasileira.

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