terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

FONAJUNE, JUVENTUDE NEGRA E A NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DO II ENJUNE



A capacidade de organização e intervenção e o poder de mobilização na luta contra o racismo são características do Movimento Negro Brasileiro, decisivo em vários momentos da nossa história.
Com a Juventude Negra não podia ser diferente. As raízes fincadas na ancestralidade e o exercício do potencial jovem-revolucionário edificaram a pauta dessa juventude, que resiste às imposições do embraquecimento capitalista e atua nas várias frentes em defesa de uma sociedade justa, sem racismo e desigualdades de classes.
Podemos sublinhar essas, como idéias principais para a realização do I ENJUNE – Encontro Nacional da Juventude Negra, realizado em 2007, na cidade de Lauro de Freitas – Bahia, agregando grande parte da Juventude Negra Brasileira consciente e de lutas, em torno da discussão de temáticas importantes e, alargando as suas perspectivas de combates contra o racismo e as desigualdades sociais.
Surgido da necessidade de maior organização e unificação nacional em torno das questões pertinentes às suas lutas para os tempos atuais, O ENJUNE significa a acumulação de uma pauta comum da Juventude Negra no Brasil e representa um marco na história.
Podemos considerar como uma das mais importantes vitórias do período pós ENJUNE, a criação do Fórum Nacional de Juventude Negra – FONAJUNE e dos Fóruns Estaduais em 10 estados brasileiros: Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins.
Hoje, o FONAJUNE se consolida como um instrumento de representação política nacional e ousada atuação em campo internacional, encampando frentes estratégicas de enfrentamento ao racismo estrutural e o preconceito contra a juventude, tão presentes na sociedade brasileira e mundial. Exemplo disso é a sua ativa participação no Circulo de Juventude Negra das Américas, no Conselho Nacional de Juventude - CONJUVE e no Conselho Nacional de
Segurança Pública – CONASP, além de a articulação com outras organizações jovens negras em torno de uma pauta unificada em prol da Juventude Negra Brasileira.
Usando uma citação de Steve Biko que diz:
"... Procura infundir na comunidade negra um novo orgulho de si mesma, de seus esforços, seus sistemas de valores, sua cultura, religião e maneira de ver a vida.";
devemos defender todo o legado das vitórias atuais, com formulações de novas teses e ampliações dos horizontes políticos e de lutas da Juventude Negra Brasileira, que a cada dia sofre um extermínio conseqüente do racismo estrutural na sociedade capitalista "desenvolvida".
Nesse novo cenário, a renovação de quadros, ampliação da representação política, radicalização da democracia e denúncia do extermínio programado contra a Juventude Negra Brasileira torna-se indispensável.
Por isso e entendendo que a opressão só acaba a partir da resposta revoltada dos oprimidos, a Juventude Negra do Brasil, deve se empenhar na realização do II ENJUNE, bem como no fortalecimento do FONAJUNE e dos Fóruns Estaduais e na ampliação dos espaços de participação e representações de suas lutas.
Avaliando as somas e saldos de nossas vitórias atuais, precisamos proferir que ainda somos a minoria no mundo do trabalho, marginalizados, sofremos com a falta de perspectivas, empregos e vagas nas universidades públicas, estamos em grande maioria na informalidade profissional e vivemos uma vida de perigos e incertezas.
Nesse momento, passa a ser tarefa primordial da juventude negra consciente, a avaliação dos ganhos do I ENJUNE e a organização de uma nova agenda de lutas da Juventude Negra para os tempos futuros. É indispensável também, a renovação dos quadros jovens negros, em resposta a cooptação para a adesão ao modelo branco-desenvolvimentista da qual a juventude negra têm sido vitima, com grande ajuda da mídia.
Esses, acredito, devem ser nossos guias para a realização do II ENJUNE, somados aos acúmulos gerados pelas defesas das bandeiras já levantadas, difundidas e defendidas pelo Movimento Negro e de Juventude Negra Brasileira, como o combate a intolerância religiosa, a afirmação do feminismo negro, a luta por uma educação e saúde inclusiva, a luta dos povos quilombolas, entre outras.
O ano de 2011 e a nova década que se inicia, deve ser de novas ações e conquistas, uma década de novas mobilizações, uma década que seja o reflexo do acumulo das nossas lutas históricas e de crescimento para o Movimento de Juventude Negra, a fim de cumprirmos a construção de um novo mundo, o mundo sem racismo e divisão de classes.
Axé de Ogum;

Jairo Hely
Coordenador do FONAJUNE e do FOJUNEPE
Militante do Movimento Negro Unificado de Pernambuco e do Coletivo de Juventude Enegrecer

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